O ex-governador da Bahia e atual ministro da da Casa Civil, Rui Costa, se viu no centro de uma operação da Polícia Federal realizada nesta quinta-feira (1º). Isso porque um dos alvos foi um empresário suspeito de ter intermediado uma compra de respiradores, na época da Covid-19, que nunca foram entregues.
A PF cumpriu 34 mandados de busca e apreensão e de sequestro de bens na segunda fase da Operação Cianose, autorizados pelo juiz federal Fábio Moreira Ramiro, da 2ª Vara Especializada Criminal de Salvador. A corporação tenta recuperar valor pago pelo Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste na aquisição dos respiradores em 2020. O montante chega a R$ 48 milhões e o contrato foi assinado por Rui Costa
Mesmo tendo sido citado por um dos suspeitos e também ser investigado, o ex-goverandor da Bahia não foi alvo da operação.
Cléber Isaac novamente foi um dos principais alvos da segunda fase da operação da PF desta quinta-feira. Segundo as investigações, ele intermediou a negociação entre a empresa Hempcare e o governo da Bahia e teria recebido R$ 1,6 milhão como "comissão". Em relação a Cléber, o mandado determinou a apreensão de dinheiro em espécie, aparelhos eletrônicos e documentos.
Um advogado ligado a Cléber Isaac também esteve na mira da PF foi alvo da operação desta quinta-feira.
Em abril, portal UOL tornou público detalhes da delação premiada de Cristiana Taddeo, dona da Hempcare. Segundo ela, Isaac se apresentou como sendo amigo de Rui Costa e da então primeira-dama, Aline Peixoto, hoje Conselheira do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia (TCM-BA), e como responsável por intermediar o negócio.
"Cleber Isaac disse de imediato que ele é quem havia avisado a primeira-dama do governo do Estado da Bahia (Aline Peixoto, esposa de Rui Costa) que o nosso grupo poderia realizar a importação dos respiradores (...) Como Cleber Isaac e Fernando Galante eram a ponte entre o grupo e o governo do estado da Bahia, eles cobraram participação nos lucros do negócio", disse Cristiana Taddeo em sua delação premiada.
Ao aceitar a delação premiada, já homologada pelo Superior Tribunal de Justiça - STJ, Cristiana devolveu R$ 10 milhões que recebeu pelo negócio. Os outros R$ 48 milhões foram repassados aos demais investigados.
Outro lado
Questionado em abril, quando a delação de Cristiana Taddeo veio a público, Rui Costa negou irregularidades e afirmou que ele determinou a abertura das investigações.
"Após a não entrega dos respiradores, o então governador Rui Costa determinou que a Secretaria de Segurança Pública da Bahia abrisse uma investigação contra os autores do desvio dos recursos destinados a compra dos equipamentos. Os mesmos foram presos pela Polícia Civil por ordem da Justiça baiana semanas após a denúncia", disse em nota ao portal UOL.
Ainda segundo Rui, as compras realizadas "no mundo inteiro foram feitas com pagamento antecipado" durante a pandemia.
Ainda na nota de abril enviada ao UOL, Costa diz que "nunca tratou com nenhum preposto ou intermediário sobre a questão das compras deste e de qualquer outro equipamento de saúde. Durante a pandemia, as compras realizadas por estados e municípios no Brasil e no mundo inteiro foram feitas com pagamento antecipado. Esta era a condição vigente naquele momento. O ex-governador Rui Costa deseja que a investigação prossiga e que os responsáveis pelo desvio do dinheiro público sejam devidamente punidos e haja determinação judicial para ressarcimento do erário público".
O ex-governador não se manifestou sobre a segunda fase da Operação da PF. A defesa de Cléber Isaac também não se pronunciou.
Fonte: UOL
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