Nesta micareta de 2025, o bloco dos Camaleões da Política ganha as ruas de Teixeira de Freitas, celebrando quatro décadas de uma cidade marcada por reviravoltas políticas e alianças inesperadas. Se, por um lado, os foliões vibram com a festa, por outro, os cidadãos refletem sobre a dança dos protagonistas do cenário político local, onde antigas rivalidades se tornam abraços fraternais assim que o poder aparece.
Entre as atrações mais polémicas deste ano estão as figuras de Marcelo Belitardo, atual prefeito e ex-adversário, no caso os irmãos David e Adolfo Loyola, que nos últimos tempos mudaram de palanque como quem troca de fantasia.
Eles já foram oposição ferrenha. Hoje, ocupam cargos e sorriem ao lado do homem que tentaram derrubar. A aliança entre Marcelo Belitardo e a dupla David e Adolfo Loyola são o retrato mais escancarado da velha política disfarçada de nova.
David e Adolfo Loyola são conhecidos na cidade por sua habilidade de se adaptarem a qualquer situação – um verdadeiro simbolismo do que muitos chamam de "camaleões da política".
Em Teixeira de Freitas, a política tem seus personagens caricatos, mas nenhum se compara à David Loyola – o boêmio que personifica o verdadeiro significado do oportunismo político. A alcunha de “Camaleão da Política” não é apenas simbólica: David Loyola se adapta, muda de cor e lado conforme a conveniência. E faz isso sem o menor pudor.
Há pouquíssimo tempo, David Loyola, então presidente municipal do PSB, e seu irmão Adolfo Loyola, figura proeminente entre os quadros do governo estadual, estavam em um palanque raivoso ao lado do candidato do MDB a prefeito de Teixeira de Freitas. Naquela ocasião, o objetivo era claro: aniquilar politicamente Marcelo Belitardo, o atual prefeito, bolsonarista de carteirinha e aliado de ACM Neto. O plano envolvia até defenestrar a então candidata do PT, Raíssa Felix, para obrigar o Partido dos Trabalhadores (PT) local a engolir a candidatura do MDB com o objetivo de derrotar Marcelo. Era uma cruzada anti-Marcelo, pintada com tintas de falsa moralidade e “compromisso com o povo”.
O que poucos lembram – mas nós fazemos questão de recordar – é que o mesmo Marcelo Belitardo que os Loyolas queriam arrancar da cadeira de prefeito, também não era nenhum santo, e sim, aquele que "barrou' a construção do Hospital Costa das Baleias e de um Colégio em Tempo Integral, inclusive chamando o então Governador na época Rui Costa de incompetente, além de se recusar a liberar os alvarás.
Uma manobra que mereceu reprovação feita em público do então governador Rui Costa, hoje ministro. Mais tarde, Belitardo se recusaria a participar da inauguração do hospital, classificando o evento como “palanque político”, e recebeu uma dura crítica do próprio Presidente Lula. Eram tempos de guerra. E os Loyolas estavam no front, tentando destruir o prefeito.
Mas a eleição passou. E o poder falou mais alto. Adolfo, experiente em usar os meandros do poder estadual, logo tratou de garantir um "emprego" para seu irmão. David loyola, que jamais administrou uma quitanda sequer, foi nomeado Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico. Sim, você leu certo: o mesmo David que passou boa parte de sua vida "encostado" pelo INSS, com histórico de boemia em Teixeira, virou secretário municipal. A nomeação mesmo sem ter nenhuma experiência na administração pública, levanta questões sobre os verdadeiros interesses por trás desta aliança. Para muitos, um escárnio. Para David, apenas mais um capítulo da sua trajetória marcada por conveniências.
Hoje, os irmãos Loyola desfilam ao lado de Marcelo Belitardo, como se jamais tivessem conspirado contra ele e fossem amigos de longas datas.
Diante desse cenário, a festa vai seguir pelas ruas de Teixeira se enchendo de música, dança e alegria, mas a dúvida persiste:e ecoa por toda a cidade, o que mudou? A cidade? O prefeito? O governo? Nada disso. O que mudou foi apenas o acesso ao poder. E, para isso, os camaleões fizeram o que fazem de melhor: trocaram de pele de novo.
O povo de Teixeira de Freitas precisa abrir os olhos. Não se trata de um jogo de alianças. Trata-se do toma lá, dá cá, travestido de compromisso público. O desfile de poder entre os camaleões não é apenas um espetáculo: é um reflexo de como a política pode ser manipulada em benefício próprio.
Trata-se de profissionais da política que dançam conforme a música, desde que ela toque no salão do poder. Hoje bajulam quem ontem tentaram derrubar. Amanhã, talvez troquem de lado de novo. Tudo pelo poder.
Vanderlei Filho é Editor Chefe do Zero Hora News, associado à Abraji, e se dedica ao jornalismo investigativo e político.
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