Esposa de candidato à presidência do PT, apoiado por João Bosco e crítico de Belitardo, tem cargo estratégico na Secretaria de Educação de Teixeira de Freitas

Em Teixeira de Freitas, o Processo de Eleição Direta (PED) do Partido dos Trabalhadores tem revelado não apenas disputas internas, mas também incoerências políticas que levantam questionamentos sobre os reais interesses por trás das candidaturas. Um dos episódios mais controversos envolve o sindicalista Silvanio, que disputa a presidência do PT local com o apoio do ex-prefeito João Bosco.

Silvanio adota um discurso duro contra a atual gestão do prefeito Dr. Marcelo Belitardo, que pertence à base do União Brasil. Suas críticas, porém, soam contraditórias diante de um fato incômodo: sua esposa ocupa um cargo estratégico e de confiança na Secretaria Municipal de Educação, indicada justamente pela esposa do atual prefeito, Penelope Belitardo. Segundo informações outros membros da familia de Silvanio também estão alocados em outros departamentos da prefeitura.

O silêncio do candidato sobre essa proximidade direta com o governo de Marcelo Belitardo que ele tanto diz criticar, enfraquece sua narrativa e levanta fortes suspeitas sobre a autenticidade de seu posicionamento oposicionista. Mais do que isso, compromete a imagem de um partido que, historicamente, se apresenta como defensor da coerência ideológica e da ética nas relações públicas.

O apoio de João Bosco a Silvanio também chama muito a atenção. Durante todo o mandato em que Bosco esteve prefeito de 2013-2016, Silvanio a frente do sindicato sempre fez criticas ferrenhas inclusive em suas redes sociais. Mas estranhamente as criticas  acidas foram todas apagadas de suas redes sociais dias antes da sua canidatura a presidência do PT ser lançada. No passado o ex-prefeito João  Bosco, que comandou a prefeitura por um mandato apenas, carrega a responsabilidade por um período que muitos consideram como o início negro da estagnação política do Partido dos Trabalhadores em Teixeira de Freitas. Apostar agora em um nome com baixa capacidade de diálogo, que tantas criticas fazia abertamente ao ex-prefeito e pouca representatividade possui entre os próprios trabalhadores que é  justamente a base que o partido deveria tanto ouvir, soa mais como uma tentativa desesperada de manter o controle interno do diretório do PT (Partido dos Trabalhadores).

O caso da esposa de Silvanio, somado ao alinhamento familiar com a gestão Belitardo, lança dúvidas sobre até que ponto há, de fato, um projeto político autêntico de renovação sendo construído. Ou se o que está em jogo é apenas a manutenção de espaços, cargos e influência dentro e fora da estrutura partidária.
É preciso lembrar que a ocupação de cargos de confiança não é neutra: ela implica responsabilidade política e, muitas vezes, compromisso com os rumos da gestão. Quando alguém da família de um pré-candidato à presidência de um partido de oposição tão importante como o PT ocupa esse tipo de função, é legítimo e necessário  que se questionem os limites éticos entre oposição e conveniência pessoal.

A omissão sobre esse vínculo direto com a  administração de Marcelo Belitardo pode ser interpretada como uma tentativa de blindar a candidatura das críticas internas que já começam a surgir dentro do próprio PT. Mas dificilmente passará despercebida por uma militância cada vez mais atenta às contradições entre discurso e prática.

O diretório municipal do PT ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso. Tampouco Silvanio explicou publicamente como concilia sua postura de opositor com a presença de alguns familiares em cargo estratégico da gestão que ele critica.

A pergunta que paira no ar é simples: afinal, de que lado está realmente o candidato à presidência do PT municipal de Teixeira de Freitas, apoiado pelo ex-prefeito João Bosco Silvanio está?