O diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI), Felipe Salto, disse nessa quinta-feira (4) que a transparência e a responsabilidade nas contas públicas aumentam a capacidade do governo de promover políticas sociais em quantidade e qualidade para todos. Ao lado do diretor da IFI Josué Pellegrini, Salto coordenou um com o tema Responsabilidade Fiscal e a Responsabilidade Social.
O objetivo do webinar foi discutir o desenho e o financiamento das políticas sociais, a exemplo do novo auxílio emergencial. Diante da pandemia da covid-19 e da crise econômica, com impactos profundos sobre o mercado de trabalho, a demanda por benefícios sociais aumentou.
Também participaram do debate o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), o economista Daniel Duque, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) e Pedro Fernando Nery, consultor legislativo do Senado e professor do IDP (Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa).
Tasso destacou os efeitos de decisões do poder público sobre o mercado. Segundo ele, não se deve alimentar uma falsa contradição entre o que é bom para a economia e o que é bom para o povo. O senador é autor de projeto que trata da responsabilidade social (PL 5.343/2020), para promover maior igualdade social sem deixar de considerar a responsabilidade fiscal.
Duque apresentou simulações para a evolução da pobreza no Brasil, destacando o efeito que o auxílio emergencial exerceu sobre a desigualdade. Ele mostrou que, para diferentes cenários e evitando os erros cometidos em 2020, é possível ter um programa focalizado e com efeito importante para as famílias mais pobres, sem gerar desequilíbrio fiscal.
Pedro Nery corroborou a visão apresentada por Duque e destacou que a responsabilidade fiscal é também uma via para garantir renda e emprego às famílias. Segundo ele, é por meio de políticas responsáveis que se consegue manter taxas de juros baixas e inflação controlada — a base para a volta do crescimento econômico.
Em 2021, a segunda onda da covid-19 tem se mostrado mais drástica do que a primeira, com médias de mortes diárias ainda mais altas do que as observadas no ano passado. A necessidade de um novo auxílio temporário às pessoas que perderam seus empregos, no mercado formal e no informal voltou a fazer parte da agenda nacional. Daí a importância de se discutir o futuro da agenda social e o espaço fiscal para o seu financiamento equilibrado.
Neste ano, o auxílio emergencial, segundo cálculos publicados pela IFI no Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF) de fevereiro, poderá ficar em R$ 34,2 bilhões, se 45 milhões de pessoas forem beneficiadas com quatro parcelas mensais de R$ 250. Na PEC, fixou-se limite máximo para essa despesa, da ordem de R$ 44 bilhões. Segundo Felipe Salto, diretor-executivo da IFI, esse valor, se utilizado integralmente, poderá servir ao pagamento de até cinco meses do novo benefício, considerados os parâmetros descritos acima.
A IFI foi instalada em 2016 para promover a transparência nas contas públicas e colaborar para a disciplina fiscal do país. Dentro das atribuições previstas em lei (Resolução 42/2016), a instituição projeta cenários econômicos e fiscais e calcula os efeitos de eventos com impacto relevante sobre as contas públicas. Em 2019, a instituição produziu cerca de 15 trabalhos sobre a reforma da previdência, provendo informações relevantes ao debate público e à atuação parlamentar.
Em 2020, a crise da covid-19 impôs uma mudança relevante nos cenários prospectivos, tamanha a incerteza envolvendo a extensão e as dimensões da doença. A equipe da instituição promoveu quatro revisões nos quadros de projeções e gerou relatórios e análises sobre as diferentes medidas tomadas pelo governo e pelo Congresso para debelar a crise e amenizar os seus efeitos econômicos e sociais. O cálculo do impacto fiscal do auxílio emergencial, por exemplo, ajudou a pautar os debates sobre o novo programa junto à imprensa e ao parlamento
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